quinta-feira, 11 de junho de 2009

sacrifícil

Ser educador exige sacrifício...
Uma jornada exaustiva e lá pelas 21:00 h terceira aula da EJA...Dando continuidade a aula anterior onde havíamos discutido sobre o clássico "Tempos Modernos" e as suas relações com a Revolução Industrial Inglesa. Pedi aos meus educandos que respondessem algumas questões como, por exemplo, quais seriam as possíveis consequências sociais de uma nova Revolução tecnológica hoje? Entre outras questões deste genero.
Duas de minhas educandas haviam faltado em aulas anteriores, e por esse motivo se sentiram no direito de não realizar a atividade, pedi para que fizessem mesmo assim pois as perguntas exigiam uma reflexão maior de que parecia. (continuaram conversando e resmungaram não sei o que). Continuei a aula e após colocar as quatro questões no quadro, expliquei-as uma a uma para que todos compreendessem. (neste momento as meninas começam a copiar as questões) Quando estou explicando a última questão uma das educandas que estava copiando me interrompe com um ar meio irônco:
Não entendi nada que você falou!
Senti em minhas veias a adrenalina subir...respirei fundo...contei até dez e respondi com toda a educação:
- Você não entendeu porque não estava prestando atenção.
- Mas quando você começou a falar eu estava quieta.
-Estar quieta não significa que estava prestando a atenção
- (Tom irônico e se fazendo de vítima)Tá bom se você não quer explicar tudo bem!
Continuei a explicação como se nada houvesse acontecido e mostrei a todos um texto na apostila que poderiam consultar caso tivessem duvidas ou para ajudar a argumentar caso necessário (pensei que talvez tivesse sido muito dura com as meninas então elas podem consultar sei lá)
Fui fazer a chamada, e enquanto isso as meninas resmungavam baixinho do meu lado
"Os únicos professores que prestam é a de Português e o de Espanhol e as vezes a de
Ciências naturais, mas é porque os texto que ela passa dá pra entende... Além de não falar direito, não explica matéria."
Continuei fazendo a chamada, mas meu rosto queimava de raiva e elas continuavam me provocando, ao terminar de fazer a chamada perguntei a aluna:
- Você tem algum problema pessoal comigo? Porque se tiver agente pode conversar lá fora!
-Pessoal eu não tenho nada, mas você não quis explicar a matéria para mim...
-Eu não vou retomar a matéria de duas semanas atraz somente por sua causa! Se você tem algum problema podemos conversar lá fora.
-Se você não pode me explicar...
-Eu nunca faltei com respeito com você e então não admito que fique falando ao meu respeito se tem alguma coisa para falar que fale comigo
-Eu falo quando eu quiser!
-Não! Sobre minha pessoa não!

2 comentários:

  1. Lulu, que coisa mais linda!
    Não que eu tenha achado o pouco caso da estudante aí bacana, mas essa idéia de criar um espaço pra começar a expressar aquilo que a gente sente dentro dessa sala de aula chamada coração é genial. Mesmo porque, tendo isso registrado, existe alguma possibilidade de, daqui a algum tempo, tomar distância do caso pra tentar analisá-lo... muito foda! Adorei.

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  2. Que bom... este é mesmo o meu objetivo...pensar as nossas práticas e trocar experiências!

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