domingo, 28 de junho de 2009

Um passeio nada comum

Eis um fato que não poderia deixar de não registrar...O passeio Museu da língua portuguesa.

Um desespero para conseguir juntar 45 alunos interessados e que pudessem contribuir com dez reais para pagar o transporte... Mas enfim na última hora nos aparece um grupo de meninos da 8ª série sem autorização dos país...problema!?

As duas professoras de língua portuguesa e eu conversamos. O dilema era, se não levar eles iriam de ônibus de linha, mas no grupo tinha meninos menores de quatorze anos...resolvemos levar, mesmo desconfiando do interesse dos meninos.

Pronto decidimos levamos 48 alunos, 25 da 8ª série e a outra metade do primeiro ano do ensino médio... Animação total no interior do ônibus e meu olhar desconfiado procurava algo errado com os meninos e para a minha satisfação...encontrei!

Um dos meninos mais velhos da turma virando no gargalho uma garrafa de refrigerante de dois litros, fui na direção dos meninos e como num passe de mágica a garrafa desapareceu.

- Onde está a garrafa?!

-Que garrafa Pro?

-A garrafa que você acabou de virar na boca!

(Uma foz do fundo)

- Jogaram pela janela Pro!

Pedimos para parar o ônibus.

-Gente sabia que esses alunos iam dar problema!

- Vamos pedir para eles descerem?

- Não...não e se acontecer alguma coisa será responsabilidade nossa!

- Ok ! Vamos dar um sermão e prosseguir.

Prosseguimos nossa viagem até o centro de São Paulo até que o motorista nos chama e comunica-nos:

-Me ligaram da empresa e disseram que tem um aluno aí com a bunda para fora da janela!

(nossa que vergonha não sabia o que responder em pleno centro de SP um moleque com a bunda para fora do ônibus)

- Fomos até o fundão e pegamos o infrator demos aquele sermão...

Pensei eu: O que uma pessoa teria na cabeça para fazer isso!

sábado, 13 de junho de 2009

Depressão

Terça Feira... quinta aula do ensino médio, primeiro ano, turma difícil...
Ao chegar na sala vejo refrigerante derramado sobre a mesa e cadeira dos professores, ao fundo da sala percebo uma poça d'água melhor dizendo de refrigentante no chão, uma imensidão de papeis de bala, caderno, goma de mascar, salgadinho, pipoca entre outros que nem me lembro mais porque nesta hora comecei a observar os alunos... era como se toda aquela bagunça fosse normal, conversavam entre eles, eu entrei e ninguém percebeu...
Me senti mal foi me dando uma angustia...calmamente pedi para um aluno ir buscar um pano para limpar a zona...dez minutos se passaram e eu perplexa olhando tudo...
- Professora a tia da limpeza disse que não tem pano e nem vassoura pra limpar!
-Ótimo vamos continuar assim! Nesta hora aparece em minha porta a inspetora de alunos.
-Nossa como ele são bagunceiros né!
- A senhora não poderia me arrumar um pano para que eles possam limpar a bagunça?
- Vou ver lá tá Lu!
Minha angustia era tão grande que cansei sentei em uma cadeira qualquer e abri o diário de classe e comecei a escrever sobre o que me angustiava naquele momento...
Derrepente aparece o vice diretor dá uma olhada e fala:
-Nossa eihn!
Pensei que fosse dar uma bronca mas nada fez... Chegou o pano para limpar a mesa ...Limpei sentei e depois de meia hora do inicio da aula comecei a fazer a chamada enquanto alguns alunos limpavam a bagunça.
Pouco tempo depois passa em frente a minha porta o vice diretor varrendo o corredor...

Será

Segunda feira quinta e sexta aula ensino médio turma de segundo ano
Eu esperava que nesta aula houvesse apresentações de seminário sobre o clássico Utopia de Thomas More, na verdade eu havia separado capítulos para cada grupo de cinco ou seis alunos juntos discutirem para a apresentação do dito seminário.
Para a minha decepção neste dia apenas dois grupos haviam preparado apresentação (fiquei furiosa e dei o maior sermão na sala, pois era apenas no máximo 20 paginas para ler em grupo de cinco ou seis alunos) Após o sermão pedi para que organizassem a sala em U, feito isso começamos as únicas duas apresentações.
Para minha surpresa começaram bem, sem ler nenhuma parte do texto esporam o que tinham entendido e começaram a discutir com o restante da sala, os outros alunos se interessaram e começaram a perguntar sobre a funcionalidade da Utopia.
Mais uma vez fiquei pasma...respondiam com autonomia
"Bom nós não acreditamos que neste mundo de hoje capitalista a Utopia funcionasse, nós somos muito individualistas, não pensamos nos outros e na Utopia todos compartilham um ideal é diferente...não sei bem dizer não professora?"
Preferi não responder e devolvi : - Não sei o que vocês pensam sobre isso?
Começou um zunzum danado, alguns querendo ferrar o grupo fizeram umas perguntas sacanas e devolvi a pergunta para quem perguntou, pois todos deviam ler o livro...
Foi bacana porque eles começaram a pensar sobre como nós vivemos hoje e conseguiram envolver os colegas que não tinham lido no debate.
Pasmei novamente! Será ?

quinta-feira, 11 de junho de 2009

sacrifícil

Ser educador exige sacrifício...
Uma jornada exaustiva e lá pelas 21:00 h terceira aula da EJA...Dando continuidade a aula anterior onde havíamos discutido sobre o clássico "Tempos Modernos" e as suas relações com a Revolução Industrial Inglesa. Pedi aos meus educandos que respondessem algumas questões como, por exemplo, quais seriam as possíveis consequências sociais de uma nova Revolução tecnológica hoje? Entre outras questões deste genero.
Duas de minhas educandas haviam faltado em aulas anteriores, e por esse motivo se sentiram no direito de não realizar a atividade, pedi para que fizessem mesmo assim pois as perguntas exigiam uma reflexão maior de que parecia. (continuaram conversando e resmungaram não sei o que). Continuei a aula e após colocar as quatro questões no quadro, expliquei-as uma a uma para que todos compreendessem. (neste momento as meninas começam a copiar as questões) Quando estou explicando a última questão uma das educandas que estava copiando me interrompe com um ar meio irônco:
Não entendi nada que você falou!
Senti em minhas veias a adrenalina subir...respirei fundo...contei até dez e respondi com toda a educação:
- Você não entendeu porque não estava prestando atenção.
- Mas quando você começou a falar eu estava quieta.
-Estar quieta não significa que estava prestando a atenção
- (Tom irônico e se fazendo de vítima)Tá bom se você não quer explicar tudo bem!
Continuei a explicação como se nada houvesse acontecido e mostrei a todos um texto na apostila que poderiam consultar caso tivessem duvidas ou para ajudar a argumentar caso necessário (pensei que talvez tivesse sido muito dura com as meninas então elas podem consultar sei lá)
Fui fazer a chamada, e enquanto isso as meninas resmungavam baixinho do meu lado
"Os únicos professores que prestam é a de Português e o de Espanhol e as vezes a de
Ciências naturais, mas é porque os texto que ela passa dá pra entende... Além de não falar direito, não explica matéria."
Continuei fazendo a chamada, mas meu rosto queimava de raiva e elas continuavam me provocando, ao terminar de fazer a chamada perguntei a aluna:
- Você tem algum problema pessoal comigo? Porque se tiver agente pode conversar lá fora!
-Pessoal eu não tenho nada, mas você não quis explicar a matéria para mim...
-Eu não vou retomar a matéria de duas semanas atraz somente por sua causa! Se você tem algum problema podemos conversar lá fora.
-Se você não pode me explicar...
-Eu nunca faltei com respeito com você e então não admito que fique falando ao meu respeito se tem alguma coisa para falar que fale comigo
-Eu falo quando eu quiser!
-Não! Sobre minha pessoa não!

domingo, 7 de junho de 2009

Dia Bom

Ser Professor é muito difícil ainda mais com uma campanha nacional onde somente se divulga a incapacidade dos educadores de nosso país...
Dia bom.. Quarta aula da manha uma turma do primeiro ano do ensino médio, melhor dizendo uma das turmas mais difíceis...
Eu aguardando que todos entrassem na sala, após o tão esperado intervalo, parece que eles se arrastam ao invés de andarem...Todos entram, sentam-se...Aguardo que se acalme...Bem nunca começo a aula antes que todos fiquem quietos...isto as vezes demora uns dez minutos... mas são dez minutos fundamentais para que percebam o quanto incomodam quando falam todos ao mesmo tempo.
Comecei a aula ...
- Galera Bom dia!

- Hoje vamos falar um pouco sobre o Egito Antigo, alguém sabe alguma coisa sobre? (silêncio constrangedor) um aluno começa:
-Já sei é onde tem as pirâmides!
-A Cleópatra!
-Isso mesmo! Alguém sabe para que serviam as pirâmides?
Comecei falando um pouco sobre as pirâmides INCRÍVEL (Silêncio questionador)
Todos começaram a fazer perguntas sobre o tema: Prof A Cleópatra era bonita mesmo? Como eles faziam as múmias? O Faraó era mesmo poderoso? O que é aquela estátua que fica do lado das pirâmides? Os egípcios eram negros?Era um barulho poderoso todos perguntando.

Eu fiquei pasma ... Comecei a responder a todas as perguntas, algumas eu não sabia e devolvia para eles ou pedi para pesquisarem em casa, mas foram quarenta minutos de aula... Eles falaram muito, nesta hora percebi o por que decidi ser professora...Somente percebemos que a aula havia acabado quando tocou o sinal...mas mesmo assim eles continuaram conversando sobre o Egito...
No final pedi que guardassem todas as perguntas para a próxima aula. Uma aluna veio até a minha mesa e me disse:
- Prof. Foi muito boa sua aula!

Pensei: Quem foi que disse que o barulho atrapalha mesmo?