quinta-feira, 30 de julho de 2009

A bomba

Quarta feira 6:58 corria as escadas para não perder a primeira aula e, chegando na porta encontro mais uma meia dúzia de companheiros a espera de um milagre. A abertura da porta.
- BUUUM!
- Isso foi uma bomba?
- Paresse que sim!
- O dia começou bombástico!
Após uns 20 minutos surge o milagreiro. Porta aberta!
Desci correndo para pegar meus materiais e vou direto para sala que ficava no pátio próximo aos banheiros. Chegando no pátio uma multidão e derrepente BUUUM! Uma bomba explodiu próximo aos banheiros e a um grupo de alunos. Não era mais um susto como a primeira mas causou alvoroço pois era a primeira meio a multidão. O Vice diretor olhava procurando o culpado que evidente não apareceu. Percebi que nada havia de se fazer fui para sala. Alguns minutos se passam e batem a porta da sala era a merendeira:
- Lu posso falar com você um pouco?
- Pode sim!
- O que foi?
- Vem aqui deixa eu te mostrar olha o resto da bomba! É caseira!
- Nossa foi aqui que eles jogaram? E ninguém viu!
-Todo mundo viu Lu!
- Mas vocês falaram para o vice diretor?
-Sim mas...
-É já sei!
Não sabia o que fazer e pedi que ela mostrasse os vestígios para o vice diretor, eu tinha uma sala para terminar de fazer chamada e também não tinha a mínima idéia do que fazer. Voltei para sala fiquei pensando... mas continuei o dia que já começava difícil.
As 9:30 toca o sinal para o intervalo e eu com uma monstruosa fome subi o mais rápido para tomar um cafezinho. Todos os companheiros também chegam e começam a falar das bombas que achavam uma absurdo e blá...blá...blá... Neste meio tempo o vice diretor entra na sala e conversa sobre outros assuntos e...
-Lu !
-Eu eu vim avisar que tá o maior quebra pau lá em baixo!
- Como assim!
-Você pediu pra gente avisar se soubesse de alguma coisa então...
- Paresse que encontraram quem jogou a bomba e os meninos estão batendo nele.
-Nossa!
Chamei o Vice diretor para saber do ocorrido e ele disse:
- Vamos lá Lu pra vê que tá acontecendo
Somente eu e mais um professor descemos até o pátio...Chegando lá uma multidão em cima do palco gritando:
-Porrada!Porrada! Porrada!
Por cima das mesas do refeitório que fica do lado oposto outra multidão:
-Pega!Pega!
Parecia uma arena e no meio um bolo de meninos se agarrando e ninguém sabia quem era o terrorista. Uns gritavam que estavam batendo no amigo do terrorista. Perguntava para todos o que estava acontecendo e ninguém sabia me responder direito somente tulmuto e os empurrões...
Fiquei aterrorizada e subi até a sala dos professores.
- Gente eles vão se matar!
Outro professor responde:
-Temos que chamar a ronda escolar!
A inspetora disse que já havia pedido para o diretor chamar mas...
9:50 toca o sinal para a quarta aula
-Gente nós não vamos fazer nada!
Outro professor responde:
- Vamos dar aula!
Não sabia o que fazer todos pegando seus materiais e indo para sala e eu tentando:
- Gente vai ficar assim... Nós devíamos nos recusar a entrar até que essa situação das bombas seja resolvida!
- Falei sozinha... Fui para sala...

Ainda bem!

Anos passados estava eu e uma professora amiga de educação física, na sala dos professores e entre um período e outro esperávamos o tempo passar ...Nós tínhamos uma sala em especial muito difícil a 6ª A e, vivíamos trocando experiências porque eles eram terríveis de bagunceiros.
Um aluno havia cabulado a aula de educação física que era a última e a professora havia notado sua ausência, afinal era um dos bagunceiros.
- Porque você cabulou a minha aula ontem?!
-Professora a senhora num sabe o que aconteceu!
-Conta o que aconteceu!
-Ainda bem que eu cabulei a sua aula ontem, porque quando eu cheguei em casa minha mãe tava caída no chão!
- E eu tive que arrombar a porta pra salvar ela
-Mas o que é que ela tinha?
- Caiu de tanto bebe e ainda bem que eu cabulei, já pensou se eu num chego a tempo!
- É... ainda bem mesmo né!

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Câncer

Câncer

Difícil...
Um certo dia numa sala de Primeiro ano Ensino médio sexta feira terceira aula. Conversava eu sobre os povos do oriente médio e Egito, a negada...

Um murmurinho começava e como sempre uns querendo escutar, outros gritavam para que o murmurinho parasse, e eu esperava até que todos se acalmassem, então surge uma voz alta aguda.

- Cala a boca sua mãe tem Câncer!

(nossa virei olhei a menina que disse... respirei fundo...contei até dez mentalmente e enquanto isso meu rosto queimava e o pior de tudo que todos riram da gracinha)

-Desde de quando uma doença virou xingamento agora!?

- Você está louca e se alguém tiver realmente um câncer nesta sala ou na família?

(um silêncio constrangedor toma conta do recinto)

Me faltou muitas palavras e... um gosto amargo na boca difícil de engolir...

De Câncer sofrem todos esses meninos e meninas que acostumam-se com a falta de respeito moral, assim como os pacientes que tentam se acostumar com a falta de cabelos, as dores, a impaciência e os esquecimentos provocados pelo tratamento...
Nós educadores muitas vezes procuramos perucas para deixar as coisas mais"normais", no entanto todos os dias vemos as cabeças sem cabelos dos nossos educandos...

domingo, 12 de julho de 2009

Que tempo é esse?

Sala dos professores...

Final de bimestre eu e todos os outros colegas com uma avalanche de burocracias para preencher, um dia em que os alunos não apareceram e eu dei graças...
Um papo começa a rolar e um professor colega de trabalho começa a falar de uma reunião anterior sobre o desempenho dos alunos, na verdade o professor começa a falar sobre mim.

Lu eu te acho bacana porque você consegue transforma um negócio chato numa coisa bacana e parece que funciona...mas você vive num outro tempo...muito acelerado e que o resto das pessoas não acompanham...
Pensei...

Que tempo é esse?!

terça-feira, 7 de julho de 2009

Difícil lutar quando não sabemos onde está o agressor

Bom já faz algum tempo que escutei na sala dos professores:
-Nossa que cheiro de negô!
(Professora se referindo ao cheiro de suor que estava sentindo).
Eu bem agressivamente retruquei... Qual é o cheiro de Negro?
A professora ficou um pouco sem graça... e não soube responder.
Neste ano faz pouco tempo dentro da sala de aula escutei uma aluna:
-"Seu nego...seu escuro!"
(Referindo-se a um colega negro que a perturbava na sala).
E eu como sempre também respondi asperamente:
- De que cor você é?
- Ah Professora eu sempre trato ele assim...
-Ninguém tem o direito de chamar o outro pela cor como ofença...
Quando me dei conta já tinha meio que perdido a noção e continuei falando... E a aluna continuou retrucando...
Outro dia também em sala de professores escutei:
-Sabe aquela aluna moreninha
Isso me deixou muito brava
-Como assim moreninha ela é branca ou negra?
(O professor não sabia dizer...ficou sem graça)
Eu sabia que era uma aluna negra, e respondi:
-Ela é negra! Possui a mesma cor que eu!
-É mais vai que ela se ofende!
- A ofença esta vindo de você que é um educador e está negando a característica fisíca desta menina...
Mais uma vez alguém sem graça...
Difícil lutar quando não sabemos onde está o agressor...

Uma ilha de conhecimento

Cada sala uma ilha
Rodeada de outras ilhas
Onde habitam espécies já mais imaginadas
A doçura de uma senhora...
No desejo constante de apreender a apreender,
A rebeldia sem causa de um adolescente,
A ingenuidade do educador,
A esperança que o último aluno da fileira pergunte algo que não seja...
Poço ir ao banheiro?
Um suspiro de satisfação...
Angustia quando dizem...não aprendi nada!